Um Verão Inigualável: Gratuito

GRATUITO: Um Verão Inigualável – Um romance com o melhor amigo do meu irmão

(A história de amor de Nick e Emy Livro 1)

Escrito por Elodie Nowodazkij / Traduzido por Juliana Dias  / Revisado por Thais Souza

Ela é a irmã caçula do seu melhor amigo. Ele é o maior pegador.
Eles não deveriam ficar juntos. Mas o verão é tentador demais.

Emilia Moretti tem dezesseis anos e um objetivo simples no verão: esquecer que o melhor amigo do seu irmão, Nick Grawski, existe. Deveria ser fácil: ele vai passar o verão nos Hamptons, acrescentando garotas com biquínis minúsculos à sua lista de corações partidos. Ele certamente não as tratará como uma irmã caçula. Neste verão, Emilia não ficará acordada à noite pensando nele. Ela vai precisar ser perfeita nos movimentos de balé para ter uma chance de ganhar um papel na exibição do próximo ano, e está finalmente pronta para procurar seus pais biológicos. Mas quando Nick decide ficar na cidade, a firmeza de Emilia desaparece em uma pirueta. Talvez seja esse o rodopio que precisavam para ficarem juntos. Contanto que ela não fique acreditando em um final feliz…

Nick está cansado de fingir ser um cara feliz, sempre pronto para se divertir. Seu pai quer que ele mude de carreira, de dançarino profissional para… advogado. Ele precisa de foco total na dança para provar ao Papaizinho Querido que é bom o bastante para fazer sucesso. E talvez ele tenha a maior dor nas bolas da história, cortesia de Emilia. Ela está fora de cogitação: o código de homens entre ele e Roberto proíbe até mesmo pensamentos impuros em relação a ela. Além do mais, ele não serve para ser namorado. Só tem tempo para ficadas, para garotas que não esperam muito, para garotas nas quais ele não quer dar um beijo de boa-noite. Ele sabe que deveria resistir, mas não tem certeza se quer…

Pelo menos neste verão.
Vai ser um verão inigualável.

CAPÍTULO 1 – EMY

Uma música pop explode nos autofalantes, tão alta que ressoa dentro de mim. Eu salto uma, duas, três vezes com o punho para cima, e meus quadris se movem ao som da batida.

Os espelhos na parede não estão acostumados a me ver dançar assim. Geralmente eu danço ao som de Mozart, Tchaikovsky, Prokofiev, Minkus. Não de Madonna.

Eu inclino a cabeça de lado. Embora deva, não quero ensaiar os movimentos de alguma coreografia de balé. Fico nas pontas dos pés, em um relevé.

Não quero ser Emilia Moretti, a bailarina de dezesseis anos que tenta ser perfeita em todo movimento que faz, chegando a beirar a obsessão. Eu abaixo o meu corpo, dobrando os joelhos sobre os meus pés, fazendo um plié.

Não quero ser a garota que jura não ligar para o fato de ser adotada, mas que vem tentando achar os pais biológicos.

Eu fico na ponta dos pés novamente.

Não quero ficar lembrando que estou tristemente apaixonada por Nick, o melhor dançarino da Escola de Artes Cênicas e melhor amigo do meu irmão.

Quero me libertar e dançar.

Fecho os olhos e levanto as mãos, movendo os lábios e inventando palavras enquanto canto fora do tom. Eu salto do chão. Minhas pernas formam um grand jeté que me faria ser expulsa da Escola: a perna dianteira não está completamente reta e eu definitivamente não pego altura suficiente no ar. Mas não me importo. Eu caio com um pé, dou pulinhos, e então giro e giro e giro, curtindo o momento, sem me preocupar se tem alguém me assistindo.

Por causa do verão, os dormitórios e os corredores da Escola de Artes Cênicas estão vazios. E se o meu pai não tivesse perdido o emprego, eu também não estaria aqui. Estaria mergulhando os dedos no oceano, deitada em uma praia nos Hamptons, pensando em como fazer Nick me notar no meu novo biquíni. Já eram os dias de aventura e de consumo desenfreado.

Meus pés giram mais uma vez. Eu me concentro na música, na sensação de liberdade que ganho ao deixar meu corpo se movimentar, nas possibilidades adiante.

Empurro para longe os pensamentos de que logo a música vai terminar e vou precisar encarar a realidade, e que esse sentimento de felicidade vai desaparecer.

— Boa, Emy. Mas você não deveria usar roupas para dançar?

Eu arfo. Nick está parado no meio da sala. Sem camisa. Sua calça de moletom é de cintura baixa, igual a um modelo da Abercrombie. Só vejo seus bíceps fortes, seu abdômen trincado e seu torso esculpido.

Lembrete: continue respirando.

— O q-que está fazendo aqui? — eu gaguejo. Meu coração faz a dança feliz de sempre ao ver Nick. Ainda que, desde que meu pai foi despedido, as coisas estejam um pouco tensas entre nós. Ele não deveria estar aqui. Ele deveria estar curtindo a praia onde costumávamos fazer fogueiras. Ele deveria estar mergulhando na água onde brincávamos de cabra-cega. Ele deveria estar vivendo a vida que costumávamos ter. E, é claro, ele deveria estar se bronzeando na areia, flertando com todas as garotas de biquínis minúsculos, partindo corações.

— Hmmm… o que eu poderia estar fazendo no estúdio de dança? — Ele levanta uma sobrancelha de um jeito que diz “como você é fofa, irmã do Roberto” e eu quero gritar.

Mas mantenho minha voz o mais casual possível.

— Aqui, em Nova York. — Eu reviro os olhos. Foi péssimo não ter me juntado ao grupo de sempre nos Hamptons, mas pelo menos eu ficaria dois meses sem vê-lo.

— Estava apreciando o show — ele responde, rindo.

— É. Tá bom. — Minhas bochechas pegam fogo quando eu encaro o profundo mar verde de arrependimentos dos olhos de Nick.

Ele move os quadris ao som da música que ainda explode na sala. Uma sala que normalmente é capaz de conter facilmente vinte alunos, mas que agora parece estar se fechando sobre nós.

— Tenho quase certeza de que essa dança não está no repertório. Mas deveria estar. Você estava ótima e parecia que estava se divertindo.

— Divertindo — falo em voz alta. Ele deve estar de brincadeira: estou suada e sem fôlego, meu cabelo está provavelmente todo alvoroçado ao redor do meu rosto, minha postura está completamente errada. Mas ele não desvia o olhar. Os olhos dele perambulam pelo meu rosto, passando pelo meu pescoço e por todo o meu corpo. Meu corpo quase nu. Só estou de sutiã e com um shorts curto. Já que achei que estaria sozinha aqui e o ar-condicionado idiota estava me dando trabalho – funcionando por um segundo, depois parando por um minuto inteiro, enquanto a temperatura está chegando aos 40° graus. Minhas mãos se curvam no meio do meu corpo e minhas orelhas estão mais quentes do que o meu próprio inferno pessoal.

— Você nunca dança assim, como se estivesse tendo a maior diversão do mundo. — Seu olhar esquenta. Ou talvez seja coisa da minha cabeça.

Meu top e minha calça legging estão dobrados primorosamente em cima da bolsa de academia. Ao lado do som. Eu me remexo, hesitante. Será que eu deveria correr até lá? Algo no modo como ele me olha me gruda ao chão.

Ele está me olhando como se me enxergasse. Realmente me enxergasse.

Talvez esse seja o aviso de que ele precisava para perceber que não sou apenas a irmãzinha chata do Roberto.

Controle-se, Emy. Controle-se.

Eu pigarreio.

— Ainda não respondeu à minha pergunta. Achei que você ia estar nos Hamptons com o resto da galera. — Minha voz falha, mas eu mantenho a máscara, mostrando que não estou magoada. Nenhum dos amigos que costumavam ir aos Hamptons comigo retornou as minhas ligações. Recebi o grande total de uma mensagem nas últimas duas semanas, dizendo como estão se divertindo e que estou perdendo tudo. Como se eu não soubesse.

Nick cruza os braços sobre o peito. Seus braços bastante musculosos. Seu peito bastante definido.

Eu realmente deveria me controlar. Nick é um dançarino. Ele tem um corpo maravilhoso porque é dançarino, porque passa muitas horas treinando o corpo, porque essa é sua ocupação. Outros caras na escola também têm um corpo perfeito. Mas eu não babo por eles; então, por que Nick?

Ele sorri e dá uma risadinha.

— Qual é a graça? — pergunto, soprando uma mecha de cabelo para longe do meu rosto.

Sua risada se transforma em um de seus risos contagiantes. É uma risada que geralmente me faz derreter e rir junto com ele. Mas eu não estou rindo agora. Eu não vou rir.

— Qual é a graça? — pergunto de novo.

O jeito como ele me olha, como se enxergasse através da irritação na minha voz, faz com que eu me reduza à migalhas. Quase parece que ele está tentando me provocar para que eu possa esquecer a minha amargura. Ele dá uma piscadinha.

— Você quer parecer brava, mas não está. Você parece surpresa… e talvez, ouso dizer… Feliz em me ver.

— Tá bom. Você é tão convencido. É uma exigência para ser um dos amigos do meu irmão? — Eu me estico, pego o controle remoto no chão e desligo a música. Não precisamos ter essa conversa ouvindo a coletânea de música dos anos 80 que encontrei no armário da minha mãe. Escutar Like a Virgin agora parece um pouco… inadequado.

Ou, talvez, adequado demais.

— Você sabe que a única exigência para ser amigo dele é gostar de jogar Fórmula Um e Mario Kart e, ocasionalmente, Call of Duty. É muito fácil agradar seu irmão. Você, por outro lado, nem tanto.

— Se é tão fácil agradar meu irmão, por que você nunca mais foi lá em casa desde que as aulas terminaram? — Encaro minha camiseta como se eu pudesse forçá-la a voar até mim, como se eu tivesse desenvolvido poderes sobrenaturais na última hora. Pegar minha camiseta faria com que eu passasse ao lado dele, e não sei se meu coração aguentaria a proximidade.

— Eu vi seu irmão. Eu acabei com a raça dele no Fórmula Um ontem à noite — Nick responde.

Desta vez, meu sorriso é verdadeiro. Roberto não disse nada, mas ele sentia falta de passar tempo com Nick. Eu sei que eles só precisavam de um tempinho para resolverem as coisas.

— Acho que não fui convidada porque você ficou com medo de perder. — Não consigo evitar parecer um pouco presunçosa. Eu arraso no videogame.

— Ou talvez porque você é uma má perdedora. — Nick dá aquele sorriso que eu amo, aquele que faz meu coração bater mais rápido do que qualquer ensaio ou exibição de balé.

E, aparentemente, Nick não consegue ouvir as trovejadas do meu coração, não consegue ouvi-lo batendo tão rápido que fico até com medo de que ele vá parar de repente, não consegue ouvir a dança que meu coração faz para ele. Não, em vez de ficar a uma distância segura, ele caminha até mim, chega tão perto que eu quase posso tocá-lo.

Essa é a realização de um dos meus sonhos. Sonho. Deve ser isso, eu devo estar sonhando. O que significa que ele logo vai me beijar. Ele vai sussurrar que me quer, que sempre me quis, que me ama. Eu lambo os lábios e respiro fundo.

Mas não, em vez de me beijar, como faria em meus sonhos, ele sorri mais uma vez, afasta-se e anda até o banco do outro lado da sala. Pega as minhas roupas, minha bolsa de academia e traz tudo para mim.

— Vamos, Emy. Minha vez de ensaiar.

Meu estômago se aperta e eu inclino o queixo para baixo.

Definitivamente não é um sonho.

E, se for, é um sonho bem porcaria.

CAPÍTULO 2 – NICK

Emy repetidamente enfia mechas de cabelo atrás da orelha, a boca ligeiramente aberta e o queixo quase encostado no pescoço – um claro sinal de que está brava, ou decepcionada, ou os dois, mas tentando manter tudo dentro de si. A última vez que ela ficou desse jeito foi logo depois de o pai dela ser despedido. Sinto um aperto no peito ao lembrar como ela ficou triste, como nem conseguiu olhar para mim por alguns dias.

Porém, ela endireita os ombros e me encara diretamente. Meu olhar recai sobre os lábios dela. Lábios que são tão convidativos que eu deveria receber a porra de um prêmio por não perguntar se posso beijá-la. Só uma vez. Apenas para prová-los.

Ela estala os dedos na minha cara.

— E por que eu deveria sair? — ela pergunta, colocando a mão na cintura. — Eu cheguei primeiro, Senhor Meritocracia.

E ela está de volta, senhoras e senhores.

Eu inclino a cabeça de lado, tentando parecer inocente e bacana.

— Eu não sabia. — É mentira. Roberto me contou onde ela estava e, sim, eu tinha que ensaiar, mas podia ter esperado. 

— Mas quando me viu dançando, podia ter ido usar outra sala. Essa é a melhor, mas não a única. — Quase consigo vê-la dando socos no ar por achar que encontrou a solução, a maneira de provar que estou errado. É a missão da vida dela, aparentemente.

— É a única aberta agora. Estão reformando as outras. — Faço uma pausa. — Eu não estava brincando. Você estava ótima.

Só a vi dançar desse jeito uma única vez. Como hoje, ela estava sozinha na sala de ensaio e se perdeu completamente nos movimentos. Ela geralmente é tão controlada, tão séria quanto à dança, perfeccionista demais para retratar e comunicar emoções à plateia.

O corpo dela estava em sincronia com a música.

E ela estava gostosa.

Ela é gostosa. E… o cérebro errado está tomando conta.

— Valeu — ela responde, corando e olhando para todo canto menos para mim, de novo.

Eu pigarreio, tentado a esquecer minhas promessas ao Roberto, tentado a esquecer que só entro em relacionamentos de curto prazo (com data de validade), tentado a me esquecer de tudo menos dela.

A queda que tive por ela desde que ela me venceu no Mario Kart ano passado – usando shorts que mostravam as pernas compridas – só cresceu mais e mais. Meio como eu agora.

Eu me remexo.

— De qualquer modo, existem regras. — Eu pareço um babaca. Mas existem regras que eu preciso seguir. Não as regras sobre as quais estou falando com ela, mas regras do mesmo jeito. Regras rígidas. Não as que o irmão dela, meu melhor amigo, me impôs, mas as minhas próprias.

Nunca se apaixonar por uma garota. Nunca se apaixonar por essa garota.

— E desde quando você segue regras? — Ela se alonga até os pés, volta a descer, e se alonga de novo – ela é hipnotizante. E agora eu pareço um idiota.

Ela continua falando:

— Aparentemente, já que decidiu que os Hamptons não são legais o bastante esse ano para você, teremos que dividir essa sala pelas próximas semanas. Não pode chegar aqui e dizer que tenho que parar de ensaiar simplesmente porque você mandou.

— Você assinou seu nome na lista?

— Que lista? — Ela continua na ponta dos pés e olha ao redor da sala.

— Online. Tem um calendário para reservar a sala de ensaio, e ela devia ser minha nos últimos vinte minutos. Eu fui, na verdade, muito generoso por deixar você dançar.

— Minha bunda que foi generosa.

— Vamos mesmo falar sobre a sua bunda? — Eu a provoco.

— Você é impossível — ela resmunga, jogando o braço para o alto e se inclinando contra o espelho.

— Também existem regras sobre o espelho.

— Você é um bundão — ela responde, mas para de se inclinar no espelho. Emilia é conhecida por seguir as regras estabelecidas, por tentar ser perfeita. Seu tom é bravo, mas seus lábios estão voltados para cima em um meio sorriso, aquele que diz que ela acha que sou engraçado. Eu amo esse sorriso.

— Vejo que está realmente decidida a falar sobre bundas — respondo, rindo. Não consigo evitar. Emy e eu sempre nos provocamos de brincadeira; o tipo de troca em que testamos os limites um do outro, mas sabemos até que ponto chegar.

Ela suspira.

— Eu desisto. Eu não sabia sobre a lista — ela diz.

— Fico feliz por te ensinar algumas coisas. Ah, pequena. — Eu faço piada e aguardo ela ficar irritadinha comigo, mas, em vez disso, ela caminha na minha direção.

Ela está perto demais.

Ela não está perto o bastante.

— Pequena? Sério? Todos sabem que tamanho não importa.

Minha boca cai aberta.

— Você disse o que eu penso que disse?

As covinhas dela se aprofundam com a risada.

— Você devia ter visto a sua cara.

— O que é que você sabe sobre tamanho?

Ela resmunga.

— Sério. Também não vamos conversar sobre isso. Preciso tomar um banho. Preciso voltar para casa. E preciso que saia de perto de mim.

E eu a imagino no banho. Eu me remexo de novo; isso está ficando muito desconfortável.

— Vou ficar aqui no verão. E Roberto quer sair comigo. Ele disse que eu deveria aparecer para jantar. Logo.

— O quê? — Ela abaixa os olhos e parece que está tentando parecer chateada, mas na verdade vejo uma espécie de esperança no rosto dela. Rob quer que as coisas voltem a ser como eram antes do pai ser despedido. Mas Rob também me alertou sobre flertar com Emy. Rob me alertou para não partir o coração dela.

Preciso parar de flertar. Agora. Então, eu minto.

— Mas não hoje. Hoje à noite eu tenho um encontro com a Jen.

— Jen… Jen? — Ela dá um passo para trás e veste a camiseta com pressa. — Não acredito que vai sair com a Jen. De novo.

— Por que não? — Eu dou de ombros. Ela não precisa saber que só namorei a Jen porque meu pai mandou. A única razão para eu ter passado tanto tempo com ela foi para ajudá-lo a conseguir um acordo de negócio com os pais da Jen.

— Ela foi uma completa idiota comigo. — Ela me encara como se eu tivesse perdido o juízo.

— Ela acha que você é uma ameaça.

— Natalya é uma a-ameaça. N-não eu — Emilia gagueja. Ela só gagueja quando está animada ou magoada. E eu tenho quase certeza de que ela não está animada agora, então tenho que me segurar. Não posso contar a ela que o encontro com a Jen não é real. Para falar a verdade, eu nem sei se a Jen está na cidade. Eu deveria ligar para ela. Ela não é de todo mal, e quando namoramos – por impressionantes duas semanas –, ela não agiu como uma garota mimada, mas ela e Emy são rivais desde que entraram na Escola de Artes Cênicas.

— Você é uma dançarina melhor do que julga ser — digo a ela, ao invés de dizer o resto.

Ela balança a cabeça e cutuca o meu peito.

— Sou uma dançarina incrível. Mas sei do meu lugar. Ainda não sou a melhor dançarina. Eu me preocupo demais com a técnica. — Ela faz uma pausa. — De qualquer modo, não tem a ver com a minha dança. É o fato de você sair com a Jen. Ela nem gosta de você.

Eu coloco a mão no peito e recuo.

— Ei, isso doeu. Todo mundo gosta de mim. — Jen disse que me namorar iria melhorar o aspecto social dela na escola e distrair os pais dela. Eles querem que ela tenha uma vida social e “desabroche”, como ela me disse. Por isso, não me senti muito mal em sair com ela. Ela estava me usando, assim como eu a estava usando. E Jen parece tão triste às vezes. Mas ela nunca quer conversar a respeito. Juntos, fingimos ser pessoas que não somos. 

— Todas as garotas acham você gostoso. É diferente. — Eu devo parecer magoado, porque Emy franze a testa. — Está bem, você está certo. Todos gostam de você.

Eu rio.

— Sou fácil de gostar. E fico feliz em saber que você me acha gostoso. — Eu deveria parar essa conversa agora mesmo. — Tenho que ensaiar, mas acho que nos veremos por aí.

— É muito difícil evitar.

Está ficando muito difícil evitar a… dureza ao sul, mas não posso deixar que a Emy saiba disso. Emy, que está completamente fora de cogitação. Emy, a garota em quem não consigo parar de pensar. Emy, a quem eu sei muito bem que poderia acabar magoando.

 — Vejo você por aí — digo a ela, e ligo o som na lateral da sala. Dou o CD da Madonna a ela, tomando cuidado para não tocar nos dedos dela, porque meu autocontrole é limitado.

Ela se apressa em sair, pegando as roupas e vestindo-as rapidamente antes de bater a porta atrás de si.

Eu fecho os olhos, respirando profundamente.

Passar o verão todo com a Emy, dançar com a Emy, rir com a Emy, falar com a Emy. Beijar a Emy. Acariciar a Emy.

As minhas duas cabeças parecem gostar desse plano.

Porra.

 

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